domingo, 13 de dezembro de 2009

Requiem


Regressa a casa . A fadiga é insuportável. Redes sem elasticidade nas penas cansadas.
Senta-se ao piano e solta a voz. Num grito de desespero.


É o piano desafinado, numa melodia incontrolável.

Sabor a morango, do qual só aprecia o aroma. Cerejas no vermelho dos lábios a disfarçarem o amargo dos medicamentos.

As nêsperas são mais doces quando descascadas por mãos alheias.

Inverte-se o olhar numa caminhada singela.
Hábito de dor.

Levanta-se, abre a janela e debruça-se no parapeito numa espera de Verão. Mesmo sabendo que a Primavera não aconteceu.


O calor sufoca as nuvens dos olhares embaciados.

Mergulha no sonho e com o coração a palpitar atravessa indiferente a tarde desarrumada no peito.
Numa espera de quem não sabe aguardar.

Sem comentários:

Enviar um comentário