sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O SÉTIMO DIA


Nada me precede.
Nada me sucederá.

Em sete dias me fiz mundo,
Em sete noites me desfiz.

A existência é um labirinto erguido.
Pedra sobre pedra.
Na soma da incerteza.
Na ímpar verdade do Arquitecto Só.

O Ser ausente é infinito esquecido.

Os caminhos são espelhos de água.
Pegadas no tempo, a destempo.

(De meu corpo nasce teu corpo.
Corpo no barro moldado,
Criado por outra mão.

Nu é o desejo revelado.
A demora do toque
É subtileza da razão).

Uno é o Dia e a Noite.
Amargo é o travo da maçã
E o remorso da serpente.

Sou réplica mimética,
Dor disforme em forma geométrica.

Os sonhos são espelho em chama.
Corredores perdidos, perversos.
Errantes versos.
Portas atravessadas para salas estranhas.
Confusas.
Alas desarrumadas em gavetas divergentes.

É esta a Epístola Profana,
Da Obra inacabada.
De mim nada restará,
Nem o que me antecedeu.

Foi no Sétimo Dia que Deus morreu

2 comentários:

  1. Simplesmente fantástico. Nem me irei alongar, pela segunda vez, mas só para te dizer que gostei de o ver aqui


    bjs

    Dolores

    ResponderEliminar
  2. Só vou sentir, me descarto das palavras...

    ResponderEliminar