segunda-feira, 29 de março de 2010

Deambulações Nocturnas III

Augusto Gomes - Homem Sentado

Frequentemente o pensamento veste-se de mendigo. Arrogante, o ego, só olha para os botões de ouro em camisa de seda. Engano terrível, muitas vezes por baixo dos farrapos, existe a alma de um poeta, despojado de papel para cobrir a sua escrita em noites de aprumo literário.

* * *

Sempre que penso, escravizo-me.
Apesar disso, gosto de o fazer já que deste, tudo retiro para aumentar a líbido das palavras por mim trabalhadas.

* * *

Na procura da felicidade nunca encontro abrigo nos meus pensamentos. Estes, deixam-me sempre angustiado pela quantidade da informação produzida ininteligível. Escarnece sem piedade, como se pensar fosse acto abominável.
Encontro sempre algo para comparar com o que já fiz e emendar o que penso fazer. Nasce então mais uma dúvida.
A felicidade distancia-se, é mais dada às certezas, magnificência que o meu pensamento ainda não adquiriu. Tenho agora a esperança que a morte traga a felicidade eterna, o pensamento será derrotado com o parar das pulsações. E assim alguém dirá por mim – Não pensa, logo não existe.

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