terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Elipse interrompida


Se há ciclos naturais que se fecham perfeitamente
Como o evaporar da água e o precipitar da chuva,
Como os dias e noites que se encaixam como luva,
Cedendo lugar um ao outro... sucessivamente.
Ou ainda como a semente, essência dentro da fruta,
Que mais tarde engravida a terra e vinga germinando
Dando seqüência à vida que contínua vai girando
Num desenrolar infindável, numa eterna permuta;
Sigo a pensar solitário sobre algo que me intriga:
Se todo ciclo se fecha; isso nos dá um norte.
Há uma coisa incompleta, uma elipse interrompida,
Uma peça sem encaixe, uma ponta que não liga.
Se na vida, naturalmente, encontraremos a morte;
Na morte, certamente, há que se encontrar a vida.


Frederico Salvo

1 comentário:

  1. Frederico, este é um texto que me diz muito, pela atenção que sempre dei ao tema "A Morte", assim como pela forma como cuido dela sempre com carinho, como se da minha vida se tratasse.

    Gostei de te ouvir Poeta

    Um beijo

    PS: tentei comentar no teu blog e não consegui...tentarei outro dia


    Dolores Marques

    ResponderEliminar