sábado, 8 de maio de 2010

Génesis

Michelangelo: A criação de Adão. Capela Sistina

Neste meu (re)escrever
Nasce um vento,
Sinto-o quente
Sinto-o revoltoso
Sopra mudança
Sopra dizeres:
-Abandona o passado,
Não segures a água da chuva!
Lembra o ocaso,
Que morre aos teus olhos
Ele não existe!
É a poesia que lhe dá alma.

E neste novo aparecer
Deixo o rabiscar sonhar
Então,
Solitário,
Caminho com temor
Escolho um dia frio
Gélido.
Nos olhos a esperança
A cabana:
Singela, pura,
Enfeitiçada
Pela floresta que a rodeia.
Desce um sonho,
Lindo,
Em acenos sorri
Sussurra dedos
Trémulos.
Apanho-os
Desenho letras
Estremeço
À lareira
Enrosco-mo em silêncios
E quando mais nada tiver para escrever
Atiro o lápis ao fogo
Que me arde nesta vontade de dizer:
Que fogo em mim
São palavras que ardem sem se ver.

José Luís Lopes

2 comentários:

  1. Ah, como eu gostei de ler, este belíssimo poema.

    abraço

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  2. Obrigado amiga,

    é sempre bom saber que as palavras tem arte de encantamento

    beijo

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