quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Tango


No último vagão da última viagem;
No auge da emoção, na ânsia prorrogada.
Aos ecos da canção há muito não tocada,
Levando a solidão rugindo na bagagem.

Partido coração, partindo rumo ao nada;
Estúpida razão roendo a paisagem.
Na réstia da paixão luzindo a tua imagem,
Um sentimento vão, a dor indesejada.

Estranho esse amor, enfeita-se de engodo;
Convida-me a dançar um tango sobre o lodo.
Tufão tão furibundo em trajes de aragem.

Talvez, sem meu olhar, o mal nem seja tanto
E haja mesmo ardor a florescer, no entanto,
Um pé vai no vagão o outro na paragem.


Frederico Salvo

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