quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Maçã de Junho


Escreve sem nexo com a tontura dos analgésicos a fazer efeito. Procura as teclas numa lentidão enervante, nem dá conta dos erros. O corpo busca descanso. A alma busca paz. Nem é chamada de atenção, é vergonha de viver depois de tanta dor.É o não saber ver para além de si própria, dos amigos que aguardam a sua chegada triunfante de uma fase menos boa. Tanta dor repetida, que apetece parar o corpo, deitar num banco de jardim ao relento, num jardim onde foi feliz na infância, Santa Catarina. Vai para lá em pensamento rebolar-se na relva, escuta as gargalhadas infantis, cristalinas, sorri aos jornalistas de "O Século", a menina das longas tranças, inocente e feliz. É a que anda de baloiço, de joelhos esfolados, que salta à corda, que brinca às cinco pedrinhas. De bata branca, espera a mãe, que nunca mais chega. Sou eu...Em memórias do início do fim.

1 comentário:

  1. Me emocionei com esse texto e as palavras iriam até a trapalhar...parabéns! Obrigada.

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