domingo, 10 de abril de 2011

Na luz dos olhos teus


Eu vi a vida na luz dos olhos teus.
O chão...
A árvore...
O porto da lágrima incontida.
O barco...
O aceno. Ele me pareceu estático.
Definitivo.
O globo onde tudo parasse
A fazer sentido.
Seus olhos eram como mãos a me tocarem,
Braços a abraçarem,
Boca a me beijar a boca.
Neles havia a mulher e a menina,
A velha e a moça,
O ocaso e o meio-dia.
Eu continuaria a olha-los pela vida toda
Sem sentir sede nem fome,
Frio ou sono.
Fecho meus olhos e continuo a vê-los
A iluminarem o avesso
De tudo aquilo que não possuo.


Frederico Salvo

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