terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Um ponto no infinito




Há um ponto no infinito
Novo espaço
No tempo do meu cansaço

Este olhar
Amealhando o medo
Franco e ditoso
Vive
Do
Absoluto
Sossego
*
A noite cai
Esvai-se o dia
**********************
(Foto - vistas da minha aldeia)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Rompantes - I -

Indigestão de peixe
é comer minhoca
com recheio de anzol.

**

Pontadas nas costas:
motivo maior
da insônia do faquir.

**

Por trás do feroz leão
Havia uma avestruz
Com a cabeça no buraco.

**

Um mar seco
Cabe inteirinho
Dentro de uma concha.

**

Se se visse no espelho
A barata entenderia
O porquê da chinelada.

**

Frederico Salvo

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

um cartão escrito a mão



terminei o cobertor


que costurava desde a primavera.

adormeci enquanto escrevia

no sofá, ao lado da janela.

sinto muito pelo tempo

só serve para abrir o que não quero.

...tento negociar

mas optou avançar a realidade que nos rodeia

só por estar entre voce e a porta...

volte logo.



(já não sei mais te imaginar)





Vania Lopez




terça-feira, 7 de dezembro de 2010




















O CUME

subiu a encosta e a cada curva saudavam-na

jasmins e sardoeiras até ao cume, ponto mais alto

onde o rosto se abre, manhã clara, em pleno

espanto


fora assim, de encosta em encosta, de cume em cume,

que acabara o dia,

no aconchego do teu corpo, abóbada celeste, e o lume

paradoxo da geometria

e seu encanto.



arlindo mota

sábado, 4 de dezembro de 2010

Onde estou o meu olhar, vive!

Nunca fui
com vontade de ficar,
se fico é porque estou!
Onde estou
sou a livre vontade de perdurar.

Se parto
deixo o silêncio
não corto ramos
ou pedaços de jardim!

Na sacola
tenho sementeiras,
atiro-as na terra…
Sem vozes ou cantares!

Onde o meu corpo vive
a minha alma está presente.

Onde a minha alma vive
o meu corpo é lugar habitado…
Sem fardos ou bagagens densas
para satisfazer olhares abstractos!

Nunca fugi
com medo de ficar,
em tudo oferto o meu olhar
…onde estou o meu olhar, vive!

Assim como o antevês…


Ana Coelho